Era época da páscoa, época em que
o sentimento de libertação do jugo romano era mais fervente, pois os judeus
celebravam a miraculosa libertação da escravidão pelos egípcios e ansiavam que
Deus lhes enviasse o seu libertador e acontecesse um novo êxodo. A expectativa era
que se cumprissem as palavras de Moisés em Deuteronômio 18:15: “O Senhor, teu
Deus , te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim,
a ele ouvirás”.
Para João o milagre da
multiplicação dos pães era um sinal de que Jesus era o Messias. Ele deixa
marcados dois detalhes deste milagre, descritos nos versos 4 e 5, 9: primeiro,
era difícil encontrar pão comum na páscoa, já que os judeus jogavam todo o
fermento fora nesta época. Isto
engrandece ainda mais o milagre já que nem que tivessem dinheiro para comprar
pão eles teriam como fazê-lo. E esta provisão de pão no deserto na época da
páscoa, certamente os lembraria do Maná no deserto.
O Segundo detalhe (vs 9) é que
Jesus multiplicou pães de cevada, o que relembraria a eles do milagre da
multiplicação dos pães de cevada para 100 homens, operado através das mãos de
Deus, você poder conferir isto depois em 2 Reis 4:42-44. Esse cenário,
juntamente com os outros milagre de Jesus, a sua vinda santa, o identificaria
como “O Profeta” Libertador de que falou Moisés.
As multidões num primeiro
momento, reconheceram em Jesus o cumprimento desta profecia, pois após estarem
saciadas com o pão, declararam “Este é verdadeiramente o profeta que deveria
vir ao mundo” (vs 14).
Jesus
gostaria que eles entendessem o significado mais espiritual e profundo da páscoa: A libertação do pecado,
através do cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Todavia, eles não
haviam retirado o fermento dos fariseus fora, o fermento da justificação
própria através de obras ou rituais. Agarraram-se ao físico e palpável e perderam de vista o que era sobrenatural.
Apegaram-se ao temporário e perderam o que é Eterno. Jim Elliot - Missionário
Americano que abandonou a sua terra natal para pregar para os índios do Equador
disse que "Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para
ganhar o que não pode perder." Ele resolveu abrir mão de donuts das padarias americanas, para se
satisfazer com o pão da vida.
No dia
seguinte a multidão seguiu a Jesus, afinal eles queria pão, pão fácil, pão
material. Solução de problemas de curto prazo e não o que era espiritual. Jesus
disse isto a eles (vs 26), então os aconselhou nos termos descritos no verso
27: “Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que subsite para a vida
eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o
seu selo.” Era como se Jesus estivesse dizendo a nós hoje: “Vocês estão
trabalhando para satisfazer os desejos impostos a vocês por esta sociedade
consumista, que os leva a trabalhar para aquilo que não satisfaz. Quanto mais
se tem mais se quer, quanto mais se trabalha, mais se deve! Vocês devem buscar
aquilo que satisfaz a alma. E eu darei isto de graça para vocês!”
Não
satisfeitos com a resposta de Jesus, eles perguntaram que sinal ou milagre ele
faria para que a partir de então cressem nEle. Não era justo pedirem um sinal
quando ontem viram um milagre, não era justo o pedido do tipo “ver para crer”
quando ontem eles mesmo declararam que criam: “Este é o Profeta”. Quantos de
nós não fazemos as mesmas coisas com Deus, quantos não levantamos os mesmos
questionamentos. Quando ele não chama para nos alimentarmos daquilo que é
espiritual e nos chama uma mudança de vida, quantos não pedimos, só para nos
desculparmos, um sinal. Um sinal para tentar fugir daquilo que sabemos ser
nosso dever. E que já foi revelado na Escritura. A estes pedidos de sinal para confirmar
Jesus não fez no passado e nem tampouco tem feito agora.
Começaram
a desdenhar do milagre de Jesus afirmando que multiplicar pães para 5.000 não
era suficiente, já que para eles Moisés havia multiplicado pão para a nação
inteira no deserto. Eles estavam falando Moisés deu pão do Céu aos nossos
ancestrais todo dia, seguiremos você se você fizer a mesma coisa. Só serei
cristão quando tudo vai bem para o meu lado, quando os amigos estão perto de
mim, quando nada me falta, quando não tenho dificuldades... Assim posso ser
cristão. Na verdade, os ancestrais deles não seguiram o que Moisés os ensinou e
mesmo que Jesus fizesse o mesmo, eles também não seguiriam. Aí começou o
evangelho da prosperidade, enquanto temos pão e peixe, e vemos milagres nós
vamos a igreja, e quando não tem não vamos.
Jesus não
fez nenhum milagre a eles, a não ser o milagre da paciência e da misericórdia a
ainda os chamar para uma nova vida. Jesus afirmou, não foi Moisés, não foi o
pastor que vos deu aquele pão, foi o meu Pai. E agora ele me enviou para descer
do Céu para que vocês se alimentem de mim. Então Jesus declarou (o que está
escrito no verso 35) Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome, e
o que crê em mim jamais terá sede.
É em
mim que vocês saciarão sua fome de aceitação, sua fome de justiça, sua
necessidade de amor incondicional. É comigo que você irá preencher aquilo que
falta, o vazio da sua alma. Venha a mim. “E sou um pão diferente”, disse Jesus,
não sou um pão que supre apenas o vazio do estômago por algumas horas. Eu sou o
pão que satisfaz para sempre. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em
abundância. Quem comer este pão viverá eternamente.