22/06/2013

A Igreja e as Manifestações Populares

O Brasil vive momentos delicados e complexos com a onda de manifestações que percorrem todo o país. As manchetes da manhã desta sexta-feira dizem que mais de 1 milhão de pessoas participaram de protestos em várias cidades do Brasil na quinta-feira, dia 20.

Entre muitos atos pacíficos, houve registro de violência em confrontos entre manifestantes e policiais e atos de vandalismo em várias cidades. No interior de SP, um participante de protesto morreu atropelado. O crescimento da onda de manifestações levou a presidente Dilma Rousseff a convocar uma reunião para as 9h30 desta sexta-feira, dia 21.

Diante desse quadro complexo, a pergunta que tenho mais escutado nestes últimos dias é: devem os cristãos envolverem-se nessas manifestações? Devem os pastores adventistas saírem as ruas e fazerem eco aos protestos “pacíficos”?

Mais do que multiplicar palavras humanas ou raciocínios, quero deixar uma citação inspirada que esclarece alguns pontos:

“O governo sob que Jesus viveu era corrupto e opressivo; clamavam de todo lado os abusos — extorsões, intolerância e abusiva crueldade. Não obstante, o Salvador não tentou nenhuma reforma civil. Não atacou nenhum abuso nacional, nem condenou os inimigos da nação. Não interferiu com a autoridade nem com a administração dos que se achavam no poder. Aquele que foi o nosso exemplo, conservou-Se afastado dos governos terrestres. Não porque fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o remédio não residia em medidas meramente humanas e externas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o coração”. (O Desejado de Todas as Nações, 358).

Como igreja respeitamos as reivindicações porque nós temos saído às ruas para defender ideias, como o projeto Quebrando o Silêncio, contra o cigarro, fumo e as drogas. Saímos com os jovens na Missão Calebe e para doar sangue chamando a atenção da sociedade para o bem. Não é errado defender suas ideias e ideais, mas o problema é que nessas manifestações existem pessoas com intenções equivocadas que não combinam com os nossos pensamentos e princípios cristãos. Muito mais do que reivindicar, nossa missão é proclamar.

Nas manifestações têm muita gente que realmente se manifesta de modo pacífico; porém, em certo momento, as manifestações acabam utilizando métodos violentos para sofrer uma resposta das ordens de segurança e se apresentam-se como vítimas do Estado repressor. O objetivo é desestabilizar os governos por meio da manipulação popular. Depois das manifestações, passam a ideia de que a violência não era intencional, mas que foram pessoas “infiltradas” que a promoveram. Eu me pergunto: é esse o nosso foco como cristãos? É esse um lugar seguro para estarmos?

Como cristãos, fomos chamados para influenciar o mundo e devemos continuar fazendo através do amor, doando-se e desgastando-se pelo bem da comunidade.

Na continuação, Ellen White diz: “Não pelas decisões dos tribunais e conselhos, nem pelas assembleias legislativas, nem pelo patrocínio dos grandes do mundo, há de estabelecer-se o reino de Cristo, mas pela implantação de Sua natureza na humanidade, mediante o operar do Espírito Santo. “A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do varão, mas de Deus”. João 1:12, 13. Aí está o único poder capaz de erguer a humanidade. E o instrumento humano para a realização dessa obra é o ensino e a observância da Palavra de Deus”. (O Desejado de Todas as Nações, 358)

Precisamos cuidar para não perder o nosso foco. Estamos neste mundo com uma mensagem especial que é preparar um povo para o encontro com o Senhor! A nossa força não deve estar nas manifestações por justiça de um grupo que está tentando encontrar suas causas, mas em anunciar a volta do Senhor Jesus, a verdadeira causa!

A Bíblia é a nossa guia segura sempre. Veja o que está escrito no livro de Hebreus 11:16: “Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.”

O sonho dos sul americanos, o sonho dos brasileiros, o sonho dos europeus... Todos querem uma pátria melhor. E ela existe. A cidade de Deus, a pátria celestial. Enquanto não estamos nela, seguindo Romanos 13, dedique tempo para orar pelas autoridades e para que o evangelho continue sendo anunciado a toda força.

Lembre-se sempre: “Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros”. (2Cr. 20:20).

Rafael Rossi
Associação Ministerial
Divisão Sul Americana

2 comentários:

  1. Pastor Rafael.
    Bom dia.

    Enviei seu comentário a um amigo de outra fé cristã e ele me respondeu o texto abaixo. O nome dele no face é Falkner Botelho Jr.
    Minha resposta está anexa aqui:

    Falkner Botelho Jr. Róbson Silva Li, mas não concordo. Essa posição do Iuri é da linha teológica de redução do Reino na Terra e de uma escatologia pessimista. Temos sim que sermos críticos e cautelosos quanto aos valores anticristãos nas manifestações. Mas, por outro lado, nas manifestações também tem valores cristãos. E aí? Devemos fugir enquanto não cristãos defendem valores originalmente cristãos? Não. A Cosmovisão Cristã Bíblica me diz que eu tenho que me engajar, criticamente e preso à Palavra de Deus. O pastor fala que devemos nos preocupar com nosso reino celestial, que está nos Céu. Sim, mas ele esqueceu que, conforme a Bíblia, esse Reino já foi inaugurado na terra com Jesus e será consumado aqui na terra, com a descida da Nova Jerusalém. Inclusive, Jesus diz para buscarmos o Reino de Deus e sua Justiça. Ora, no Céu não há INjustiça. Portanto, é aqui na terra, onde há injustiça, que eu tenho que BUSCAR JUSTIÇA. Abraços
    há 7 horas · Editado · Curtir (desfazer) · 1

    Róbson Silva
    Gostei Falkner Botelho Jr.! Que bom que cristãos como você já aceitam que não ficaremos no cèu por toda a eternidade e sim, que a nova Jerusalém vai descer para que então Deus restaure na terra o projeto original já que do primeiro Éden nossos pais tiveram que ser expulsos para que não se tornassem almas imortais e para que o pecado não se eternizasse. Róbson Silva

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  2. Obrigado por expressar a opinião de vocês.

    O que vejo no Cristo da Bíblia é que ele procurava sim aliviar os sofrimentos da humanidade mesmo que materiais: curou, alimentou, gerou inclusive recurso para pagar imposto. Ele teve a oportunidade inclusive de derrubar o governo opressor e instaurar um governo de justiça no qual ele seria o rei. Estava apoiado por pelo menos 5.000 homens, mais ou menos o tamanho de uma legião romana. Mas, ao contrário de ceder a vontade popular, a Bíblia registra o seguinte: "Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte." João 6:15
    Penso que como Igreja devemos aliviar os sofrimentos do próximo, clamar junto aos governantes por justiça da maneira correta.

    Todavia devemos, segundo o texto citado, buscar a Justiça de Deus, o contexto deste verso, é que nós devemos ser agentes de justiça, isto é fiéis àquilo que Deus nos pede, viver como cidadãos do Reino (que foi instalado no coração e vida dos que aceitaram, mas não fisicamente em toda a Terra, e quando for instalado fisicamente na Terra, todos os outros governos e o próprio pecado que gera injustiça serão destruídos por Ele). E as outras coisas seriam acrescentadas.

    A transformação da sociedade começa quando eu pratico a justiça, e não sendo um "justiceiro".

    Não reduzo o Reino de Deus, muito pelo contrário, ele é muito mais do que isto. Se sou pessimista Daniel (Dn 12:1), Paulo (2 Tm 3:1) e o próprio Jesus, foram pessimistas em relação a este mundo (Mt 24, todo o capítulo em especial o verso 8).

    Devemos sempre procurar melhorar a sociedade em que vivemos. E avaliar na Bíblia quais são os parametros para buscar esta melhora. Sem nunca nos esquecermos de "segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." 2 Pedro 3:13

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